domingo, 11 de setembro de 2011

Na mesmice do diferente

Ela chegou em casa do mesmo jeito, abriu o portão com a mesma chave, caminhou do mesmo modo.
Comeu a mesma bolacha, tomou café na mesma xícara. Colocou a mesma música, tirou a roupa no mesmo lugar, para tomar o banho de todos os dias.
No banho sem expectativa de novidades, de algo que a tirasse da mesmice de todos os dias, escreveu no box que dias melhores viriam.
A musica tocava, enrolou-se na toalha, caminhou para a geladeira e viu que sua garrafa de vinho pedia para ser bebida.
Bebeu o mesmo vinho dos últimos 3 dias.

Com olhos cansados verificou seu corpo no espelho. Apalpou seus seios, esticou seus olhos, tentou rir.
Caminhou para cama, e deitada bebendo seu vinho escolheu um pijama.
Ela faria a noite ser diferente. Não colocou o mesmo pijama.

No momento íntimo de vestir-se para deitar e aproveitar seu fim de noite o interfone toca.
A mesmice da noite fora quebrada por uma visita. Alguém inesperado.
Na mesmice daquela noite fora trocada.

Ele subiu com outro vinho, outra taça, outra pizza.
Ele ajeitou a sala de outro jeito, trouxe outro aroma para o ambiente, uma nova música.
Ele fazia tudo ser diferente, até o momento em que seus lábios encontraram os dela.

A mesma paixão, o mesmo carinho, a mesma forma de pegar na nuca, de fazê-la desejar, de fazê-la pirar.
Ele tinha o manual de instrução dela.

Naquela noite não houve mesmice. Naquela noite houve a confirmação.
Naquela noite ela não dormiu de pijama.

"O nosso amor é novo
É o velho amor ainda e sempre..."

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