terça-feira, 27 de novembro de 2012

Há dias



23:40 ou 00:40 e aqui estamos nós.

O celular está fora de área. Não recebi sua mensagem, não sei se você mandaria uma mensagem pra mim, mas a esperança insiste em querer olhar o aparelho celular o tempo todo.
Sei que não tem acesso a internet após o expediente, mas a esperança insiste em atualizar a página.
Durante uns dias, que julguei serem meses, deixei de enviar e-mail, mas a esperança estava ali, esperando sua resposta, ou apenas o e-mail inicial. Há tanto tempo não sei o que é receber um  e-mail seu, iniciativa sua, curiosidade sua.
Já se  passaram tantos anos, tantas coisas aconteceram desde então. Sumimos, desaparecemos, mudamos, seguimos nossas vidas. E eu não consegui desprender.
Defina  isso por favor?
Me mudei, mudei a mim mesma, mudei de estado, de cidade. Experimentei amores, fiquei completamente embriagada de uma paixonite passageira. Quis encontrar meu amor pra vida toda. 
Tenho necessidade de amar, de apaixonar, de enlouquecer. De sofrer.
Sou literatura, sou escrita, sou sonho. Não sou. Digo que sou.
Me invento, te invento. Construo a gente. Acabo com o que construímos.
Abstrato, vago, vazio.
Meu coração necessita sofrer e ser feliz. Minha pele necessita de calor, de tato. Preciso de atenção, emoção, vida.

Me perco perguntando quem sou eu no agora. Além de alguém que vive e procura atingir um objetivo. Sou racionalidade, sou meta, objetivo, mas não sou isso.

Sou mais! Sou abstrato, imaginação. Criação.
Literatura, escrita, teatro. Rascunho.
Sou atitude e incoerência. Raiz e asfalto. Clima.
Sou família, sou regras, sou  paixão, sou erro.
Estou a procura de mim. Quem sou eu sem você?
Olho atentamente o celular. Continuo sem  sinal.
E sem respostas. Não me localizei completamente.
Sou duas, sou uma. Estou norte, sou sudeste. 
Estou calor, sou frio.
Incoerência? Consequência das escolhas.
Sou meta, objetivo. Inquietação, instabilidade.
Sou/Estou incompleta.
Sonho e Realidade.
00:38 ou 01:38, aqui despeço. Norte/Sudeste.
Boa noite.
Sua, D

"Mas há dias em que nada faz sentido. E o sinais que me ligam ao mundo se desligam"

2 comentários:

  1. Requintado!

    "Onde se encontra a chave que me devolverá
    O sentido das palavras ou uma imagem familiar"

    ResponderExcluir
  2. Muito bom o texto.
    A frase que mais gostei foi "Me invento, te invento"

    ResponderExcluir