E é a noite que você teme. A noite e seus pensamentos.
É a noite que te tortura. São lembranças, saudades.
E é chegada a hora de conversar, refletir, sentir.
A noite transforma sua cama em um divã. O travesseiro, seu psicólogo.
E é só você. Você e suas escolhas. Você e as consequências.
E você deixou tanta coisa pra lá. Sentimentos ficaram ocultos, amigos tornaram-se distantes. E os amores platônicos.
Tanta coisa ficou inacessível.
A praça, o chafariz, a lagoa. O trânsito, o sotaque. Batata frita, caipirinha, tequila, filmes. Andanças.
Braços que se alongaram de tantos abraços, de tantos adeuses, estão desajeitados. Sem utilidades. Há quanto tempo não envolvem?
E é a noite que você admite sentir falta de alguém para dividir o quarto. Alguém para te despertar, ou para ser despertado. Por causa do ronco, da falta de cobertas, ou até mesmo por causa do celular.
E a noite é pessimista. Você acredita que a chama apagou. O brilho foi ofuscado.
Durante a noite as despedidas fazem companhia. Dizendo que está indo. É o tchau.
E de repente você vê que são tantos adeuses!
Não haverá cócegas, mordidas, guerras de travesseiro, balinhas ao amanhecer, divisão de taxi. Não há ronco, o ranger de dentes, dormir abraçadinhos. Um no outro, dois em um.
Não haverá transito para compartilhar, música para surpreender, pinga no coco, pubs, dedos andantes.
Eh... A vida é feita de escolhas.
Durante o dia a gente vive, faz, acontece. Sente também.
Mas a noite a gente conversa. A gente reformula.
Durante a noite, as consequências aparecem e fazem a pergunta:
Valeu a pena a escolha?
Durante a noite é o momento que os sonhos e os pesadelos ocupam nossa mente.
ResponderExcluir