E tem essa coisa que me faz perder o sono.
O alcool não relaxa, não acalma, muito menos traz a sonolência.
Olha se para o nada e o pensamento agita.
Há saudade, há lembranças...
Não há vontade. As coisas começam a perder a graça. A imagem perde o contraste, não há foco.
Não há companhia para o café, as camisas não estão espalhadas pela casa, os objetos estão no lugar.
Não há falação noturna. Brincadeira sem graça, piada gasta, e-mails. O pré jogo, pós jogo, durante o jogo.
Não há o cheiro pela casa, sapatos andantes, a geladeira não é mais um labirinto, os armários não são desvendados.
Tudo está horrivelmente em seu lugar. Uma organização desumana.
Olho para tudo e nada vejo.
Não há vida, movimento.
A única coisa que desejaria que estivesse no seu lugar, não está.
Entro dentro de casa a procura, reviro quarto, armários, debaixo da cama.
Nada na cozinha, no banheiro, na lavanderia.
O carro está vazio.
É inutil a procura.
Tudo em vão.
E tem essa coisa que me faz perder o sono.
Essa coisa tem nome:
"Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraçá-la."
Clarice Lispector
Clarice Lispector
Como dizem: podemos estar no lugar mais cheio de pessoas e, ainda assim, sentirmos solidão, resultado da falta de uma pessoa especifica!
ResponderExcluirEu não sei qual é o nome dessa "coisa". Tudo o que sei é que esta peça é escrita beutifully. Um dos melhores que eu já li aqui. Muito obrigado!
ResponderExcluirBoris, eu que agradeço!
ResponderExcluirObrigada!