quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Era uma vez

Ela sentia-se desconfortável. Era mais uma noite, era a primeira noite que deitara e sentia se perdida na imensidão de sua cama.
Recordou de sua infância, tirou os bichinhos de pelúcia do maleiro. Fez teatro, trocou a roupa de suas bonecas. Pediu para que eles fizessem companhia a ela naquela noite escura. Na noite vazia.
Sentiu-se envergonhada, boba, frágil, desprotegida.
Andou, caminhou, deitou, fez poses.
Tentou encontrar o lugar certo na cama. E ela era imensa. Sua imensidão trazia o medo. O medo a solidão. E vice versa.
Desconfortavelmente abraçou seu bichinho desejando que ele a protegesse e trouxesse bons sonhos. Ela teria que dormir e sonhar, não tinha outra opção.
Nenhuma alternativa havia. Ela teria que se acostumar.
Depois de vencer seus medos sonhou.
Um sonho invejável. Estava não na imensidão da cama de casal, mas em uma minúscula cama de solteiro.
Era apertado, mas era bom.
Ela não estava abraçando seu bichinho de pelúcia, ela não estava abraçando nada. Não estava coberta, mas não sentia frio. Não usava roupas, mas estava aquecida.
Não era capaz de fazer movimentos bruscos, mas se mexeu um pouco. Ela descobriu que estava no melhor sonho. Estava na vida real. Uma vida real que um dia tivera.

Estava em seu quarto de solteira, envolvida nos braços de seu grande amor.
Aquele amor que aquece o corpo, a mente e o coração.
Lembrou-se da época que não precisavam de nada mais, além um do outro.
Segurou a mão dele forte, aquela mão que envolvia sua barriga, sentiu o arrepio. Era real.
Seu coração agora batia na frequência certa, sua respiração seguia o mesmo ritmo da dele.
A temperatura era igual.
Não havia imensidão. Não havia medo. Não havia solidão.
E o mundo era perfeito.
Ela sonhou um sonho que fora real. Ela dormiu e vivenciou toda eternidade de seu sonho.
Um adeus ao mundo. Um reencontro. O dia amanheceu e ela dormiu profundamente para sempre.
A eternidade do sonho feliz que um dia fora real...

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