sábado, 9 de abril de 2011

Três semanas

De noite na cama, eu fico pensando
Se você me ama e quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite na cama e quando
Caetano Veloso

Há quanto tempo não compartilhava da solidão de sua cama?
Já se passavam três semanas desde que resolveram brincar de ser gente grande.
Estavam compartilhando copo, mesa, sofá, chuveiro... Estavam brincando de casal. Estavam testando o planejamento. Estavam se testando.
Compartilharam a falta do gás, a toalha molhada em cima da cama, o edredon na máquina.
Compartilharam o tempo corrido, o mesmo sofá, o controle remoto, o sono.
Dividiram o café da manhã, a lasanha, o suco.
Diviriram o trabalho da faculdade, as incompreensões, as birras, os beijos, a reconciliação.
Já se passavam três semanas que ela não sabia o que era estar longe daquele corpo, daquele ser, daquela pessoa. Daquele cheiro, daquele toque, daquela pele.
Em três semanas eles compartilharam, irritaram, riram, lutaram contra o sono, dormiram, amaram...
Em três semanas eles foram eles. Eles estavam juntos. Eles não eram: ele e ela. Era um só. Um casal de três semanas.
E primeira noite do vazio, ela não se encontrava na cama. Não conseguia dormir sem o corpo dele ao seu lado, sem o cheiro dele, sem a mão em seu corpo. A noite trazia o medo da solidão, o frio, o eco de seus pensamentos. Foi uma noite longa, na qual ela lutava com o vazio.
Nesta noite longa ela se deu conta, que queria eternizar aquelas três semanas para sempre.
Foram três semanas, 21 dias.

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