domingo, 29 de abril de 2012

E éh...


E o tempo passa... as coisas mudam.
De repente você se vê numa situação que era para ser diferente, mas já faz parte do seu cotidiano há muito tempo.
E antes a rotina era acordar, cuidar dos afazeres, escola, casa. E antes você achava a rotina cansativa, monótona.
Você desejava almoçar e dormir um pouco, curtir a soneca pós almoço, mas a aula te impedia de respeitar seu desejo. Ou era a louça, ou qualquer coisa do tipo... e  antes era isso.
Quem não olha para o antes e sente saudades?
Saudades de almoçar em casa, de comer a comida que era feita com carinho, mesmo que às pressas. Saudades de saber onde guardar as compras depois que chegava do supermercado.
Saudades das brigas sem importância, saudades de gritar pedindo um espaço em casa, no sofá, ou na mesa.
Há quanto tempo você está ausente das decisões? Há quanto tempo você não conduz o carrinho, carrega as sacolas ou guarda as compras? Há quanto tempo você ficou tão ausente que não participa do dia a dia da casa? Não dividem os afazeres domésticos ou não disputam pela liderança do rádio?
E em certas horas você se vê só. Sem aquela companhia risonha na hora de lavar a louça, na hora de dividir as tarefas, ou até mesmo na hora de deitar. Você está sozinha numa cama gigante. E se sente a mais menor das pequenas.
E nessas horas você pensa que não tem com quem discutir a escolha do filme, o estilo da música... você não tem dúvidas, pois só depende de você.
E você assiste o que é de sua vontade, faz conforme lhe cai bem, e é assim... você está só.
E tem horas que bate aquela saudade da chatice que implica com você, que critica seus gostos musicais, que decide o filme que quer, e toma o controle das suas mãos.
E nessas horas dá saudade de um abraço, um aconchego, um cafuné, uma voz...
E nessas horas você percebe que o mundo girou, pessoas se foram, pessoas estão indo e outras chegando...
E você ainda sente falta da companhia de cozinha, de filmes, de bebedeiras, bobeiras, companheiro de tudo e de nada.
E nessas horas você sente saudade de quando era estudante do colegial...
Da época que sua chateação era não poder dormir depois do almoço, de que era um saco guardar as compras do supermercado...
E nessas horas... o coração aperta, espreme... e não há em livro algum que explique como se deve proceder.
Além de se deixar sentir... sentir saudades.

2 comentários:

  1. Muito sensível e profundo texto.

    "... você nunca parar de saudades de alguém - você acabou de aprender a viver ao redor do enorme buraco escancarado de sua ausência."
    - Alyson Noel

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  2. Obrigada Bóris!
    sua citação foi linda!

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