sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Vício

Ela colocou o telefone no gancho, através da janela encarou os prédios em construção, o movimento da avenida, da rua, mandou uma mensagem e desenvolveu a teoria, a teoria que vai contra o que a sociedade ensinou.
Ela foi contra o que sempre foi mencionado, o que se acreditou durante tanto tempo. Foi capaz de desmentir a teoria imposta. Homens não são todos iguais.
E ele a surpreendeu de novo. Ele a surpreende a cada dia. A cada telefonema, todos os vão momento, cada mensagem.
E a surpresa?
Ele, talvez o único cara a recusar passar a noite com a garota.
O cara que faz amor e não sexo.
Aquele cara que quer fugir do carnal e ela o persegue.
O cara que no primeiro encontro falou de filhos, perguntou da crisma, de casamento.
O cara que faz um amor viciante e que nega o ato.
Ele nega fazer amor, como se fosse algo prejudicial. Como se fosse um cigarro, uma maconha, crack, cocaína. O amor dele causa o efeito de dependência.
Ele nega que ela seja dependente dele. Ela sofre e deseja a ultima prova. A última prova a todo encontro. É o que deseja.
Caras como esse surpreendem. Caras como esse simplesmente são que nem apaixonados, caras como esse são espécie em extinção.
E ela sabe o tanto quanto ele é maravilhoso, quanto torna sua vida mais suportável, mais prazerosa, ela sabe que esse vício não é prejudicial à saúde.
E deseja pelo menos uma ultima provinha, uma última dose dele. Ela deseja que a última dose seja diária...
Ela suspira desejando que ele seja igual aos outros homens. Pelo menos hoje, para suprir seu desejo dele.
Vício...

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