Ellie & Carl

Estou tentando escrever há tempos...

Não faltam motivos, inspirações, indagações, mas sinto falta de algo mais. Estou em crise. Brigada com o teclado. Fecho meus olhos, não deixo a imaginação fluir.

Cansada e desejando digitar as letras e ver palavras sendo formadas, mas tomo as preocupações alheias, as monografias de terceiros, os deslocamentos, inquietações... Fujo das minhas ideias, temperamento angustiante, vida vivida, dormida, imaginada.

Mas algo hoje me obrigou a fazer as pazes com o teclado...


Um casal de idosos, que mal conseguiam caminhar, estava de mãos dadas esperando o taxi.

Não sabia exatamente quem estava mais debilitado, se era o senhor ou a senhora. Assim que conseguiram um taxi, caminharam vagarosamente, como se estivessem ensaiando os passos para o casamento.

Foi então que imaginei que a senhora iria ajudar seu marido entrar no carro. Fiquei observando, enquanto ele tomou a frente, e como homem, conduziu sua senhora a esperar pelo momento de entrar.

Num gesto simples, abriu a porta do carro, ajudou sua amada a entrar, deu um beijo em sua mão e fechou a porta, não deixando de verificar se tinha fechado corretamente.

Uma bela cena de se ver... Uma cena de filme, de novela, irreal, mas estava ali na minha frente.

Ttive inveja. Inveja de ter nascido no tempo errado, onde para o homem ser homem ele tem que ser bruto. O cavalheirismo tira a ideia do homem como homem. Senti inveja de não ter conhecido esse senhor em sua juventude, de não ter conhecido os amigos dele, de namorar a distância, pela janela...

Senti inveja de ter alguém para abrir a porta do carro para mim, de alguém para beijar minha mão, de ter alguém ao meu lado.

Enquanto eu vagava olhando com paixão aquela cena, ele movia cuidadosamente seus passos para entrar no carro, e com dificuldade, vagarosamente entrou.

E eu fiquei ali. Querendo ser aquela senhora e ter aquele senhor como meu."Quero envelhecer contigo. Levar os nosso sonhos em balões pelo mundo. Amo-te."