domingo, 4 de maio de 2014

Amigos descartáveis

Ok. Esse assunto há muito tempo circula minha mente. Não que eu tenha inventado tal nomenclatura e por ai vai, mas trata-se de um assunto que vive me cumprimentando entre conhecidos.
Sou nascida em São Paulo, vivi em alguns lugares, estudei em um número de escolas que não me recordo. Não sei o nome da professora da primeira série. Não tenho amiguinhos de longas datas.... Ok. Complicado até aqui?! Talvez não. Quem os tem?
A pessoa que tenho mais tempo de relação, mora em Jacareí, Andréia (a conheço faz uns 18 anos?!), e nossa relação se resume a alguns SMS s, e e-mails anuais.
Mudei pra Belzonte, onde vivi uns bons 11 anos. Cresci ali. Ensino médio, faculdade. Tenho muitos conhecidos, e amigos verdadeiros. De "longas datas" uns 15 anos, mais ou menos.
Pessoas de curti status, de chats, whatsapp diários, semanais, mensais, anuais. Pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida. Estrelas da minha tatuagem, operários da minha formação. Convivemos, aprendemos, crescemos. Nos tornamos quem somos devido a tudo isso.
Enfim. Sou uma pessoa normal, dentro da normalidade de quem segue a vida. De quem avança cidades e Estados. 
Houve vezes em que tentei e até gostaria muito de não me relacionar. Sendo clichê: Criar muros ao invés de pontes. Não comunicar, não cativar, mas impossível!
A gente convive. Tem de conviver. Isso é regra da sociedade, OU, minha regra. Ahhh o que seria dos meus dias sem tagarelar, ouvir, sorrir, conviver?!
Mas tem horas que é necessário despedir. Desprender. Dizer adeus.
Faz parte da vida.
E dizer tchau dói! Não é fácil imaginar os dias sem os abraços, as conversas, os cafés, batatas com fritas, cinemas, teatros, livrarias, encontros alcoólicos, água de coco, tequila... E cada um sabe da sua particularidade, cada um sabe de sua importância. 
Despedir despedaça. Mutila. Aperta. Sufoca.
Dizer tchau com a certeza de um até breve não alivia a dor da despedida. 
Não é porque se vive no mundo, que não se viveu.
Não é porque muda se para uma cidade com prazo determinado que as amizades ali criadas não sejam verdadeiras. Sou profunda, não superficial. Vivo intensamente, sou verdadeira, logo, declaro que amizades não são descartáveis para mim.
Dizer um tchau, adeus, ate logo é uma tortura. Aperta profundamente.
Você descobre dores e sentimentos indescritíveis, intraduzíveis.
Então... a gente descobre muitas vezes quem são os amigos de verdade quando há ausência. Quando há distância.
Quando a distância não muda. Quando o tempo não apaga.
...
Não existe nomenclatura mais desnecessária (ao meu ver), do que amigos descartáveis.
Citando meu ídolo Carpinejar:
"Os amigos são próprios de fases: da rua, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da faculdade, do futebol, da poesia, do emprego, da dança, dos cursos de inglês, da capoeira, da academia, do blog. Significativos em cada etapa de formação. Não estão em nossa frente diariamente, mas estão em nossa personalidade, determinando, de modo imperceptível, as nossas atitudes.
Quantas juras foram feitas em bares a amigos, bêbados e trôpegos? Amigo é o que fica depois da ressaca. É glicose no sangue. A serenidade."

Um comentário:

  1. Venho passando por um momento de mudanças, quando se fala de amizades, não por brigas ou coisas do tipo, simplesmente pela ironia do destino que acaba sempre por nos levar a outros lugares, para outros braços e ombros. Gostei bastante do texto, expressa muito bem o que tenho vivido. Parabéns, continue escrevendo, tens muito talento. Sempre visito o blog. :D

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