terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um mundo chamado Altamira | Parte I - Adaptação


Houve um tempo que alguém me perguntou se o blog era uma espécie de diário. Logo digo que não, ou a princípio não.
Aqui são narradas histórias tão fantasiosas quanto reais, na verdade, nessa mente maluca e fértil ambas se confundem.
Hoje algo me faz querer escrever... Algo mais real do que gostaria que realmente fosse.
As pessoas sempre dizem que as mudanças são necessárias para a vida da gente. São necessárias, doloridas. Um choque.
E é isso mesmo.
Minha ultima mudança tinha sido aos 14 anos, uma mudança não muito fácil, mas tolerável. Ia de uma cidade interiorana de São Paulo a grande (ou não) Beagá. E hoje, aos 25 anos, topei enfrentar uma nova fase da minha vida. Vim parar num mundo chamado Altamira (PA).
Digo um mundo, pois assim o vejo.
São outras regras, outro clima, um choque cultural gigantesco.
Uma cidade pacata. Uma cidade parada. Uma cidade vermelha.
Povo sofrido, tranquilo (para não dizer descompromissado), e pacato. É o verdadeiro pacato cidadão.
Já tentei na literatura de Drummond denominar aqui, talvez aqui antes fosse uma "Cidadezinha qualquer". Talvez a população queira e insiste para que isso aqui seja para sempre lembrada na literatura de Drummond.
E eu, paulistana, acelerada, vim parar nesse mundo. Uma cidade sem livraria, sem rock, sem pub... Adaptações serão necessárias...
Aqui a caipirinha se faz tudo junto e misturado no liquidificador, aqui se escuta melody (uma espécie de Alvin e os Esquilos cantando), aqui percebi que a adaptação no serviço vai demorar mais do que imaginava. Aqui... estou longe dos meus colegas, amigos, companheiros. Dos meus livros, meus bares favoritos, das minhas pubs, drinks, cinemas e praças.
Aqui estou longe do caos, do trânsito, do concreto.
Tenho aqui minha família, tenho a Nina, uma rede no meu quarto e uma piscina no quintal.
Aqui nesse momento tenho um coração apertado e os olhos cheios de lágrimas que teimam em escorrer...
 Tenho aqui dentro uma saudade que aperta enlouquecidamente.
Saudades dos colegas de trabalho, das crianças de sempre.
Saudades dos professores que chatos irritam, pegam no pé e sempre arrumam piadinhas.
Saudades do café mais gostoso, da mulher mais ciumenta que tem o abraço que te faz esquecer do mundo e se sentir protegida.
Saudades daquelas conversas de corredor, dos telefonemas, dos e-mails.
Saudades de não ver o dia passar...
Saudades de estar naquele ambiente.
O ambiente de trabalho que fora minha casa por mais de sete anos...
E agora me deu saudade de poder avisar alguém que estou perto. Um telefonema e um encontro...
E isso não será possível, pois estou longe... Afinal, são 2.790 km.

Eh...
Alertaram-me...
E as pessoas sempre dizem que as mudanças são necessárias para a vida da gente. São necessárias, doloridas. Um choque.
E é isso mesmo.

Há quem diga o contrário?

5 comentários:

  1. Ai, Dê... Assim como seu coração está apertado, o nosso também está. A vida é isso, amiga! Escolhas, caminhos, pessoas que vão, pessoas que ficam, estrelas, cometas, luas... Acredite que você tomou a melhor decisão e siga em frente. "Ninguém disse que a vida seria fácil, apenas que valeria a pena".

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Dê - Boa sorte no seu novo caminho!
    É sempre difícil se adaptar a novos lugares, novas pessoas, novos climas novas culturas. Vamos esperar que a alta vista de Altamira vai lhe dar uma visão clara do caminho à frente. E sempre lembro os ensinamentos de Cavafy, que afirmou que desfrutar a viagem é tão importante quanto chegar ao seu destino.

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