Houve um tempo que alguém me perguntou se o blog era uma espécie de diário. Logo digo que não, ou a princípio não.
Aqui são narradas histórias tão fantasiosas quanto reais, na verdade, nessa mente maluca e fértil ambas se confundem.
Hoje algo me faz querer escrever... Algo mais real do que gostaria que realmente fosse.
As pessoas sempre dizem que as mudanças são necessárias para a vida da gente. São necessárias, doloridas. Um choque.
E é isso mesmo.
Minha ultima mudança tinha sido aos 14 anos, uma mudança não muito fácil, mas tolerável. Ia de uma cidade interiorana de São Paulo a grande (ou não) Beagá. E hoje, aos 25 anos, topei enfrentar uma nova fase da minha vida. Vim parar num mundo chamado Altamira (PA).
Digo um mundo, pois assim o vejo.
São outras regras, outro clima, um choque cultural gigantesco.
Uma cidade pacata. Uma cidade parada. Uma cidade vermelha.
Povo sofrido, tranquilo (para não dizer descompromissado), e pacato. É o verdadeiro pacato cidadão.
Já tentei na literatura de Drummond denominar aqui, talvez aqui antes fosse uma "Cidadezinha qualquer". Talvez a população queira e insiste para que isso aqui seja para sempre lembrada na literatura de Drummond.
E eu, paulistana, acelerada, vim parar nesse mundo. Uma cidade sem livraria, sem rock, sem pub... Adaptações serão necessárias...
Aqui a caipirinha se faz tudo junto e misturado no liquidificador, aqui se escuta melody (uma espécie de Alvin e os Esquilos cantando), aqui percebi que a adaptação no serviço vai demorar mais do que imaginava. Aqui... estou longe dos meus colegas, amigos, companheiros. Dos meus livros, meus bares favoritos, das minhas pubs, drinks, cinemas e praças.
Aqui estou longe do caos, do trânsito, do concreto.
Tenho aqui minha família, tenho a Nina, uma rede no meu quarto e uma piscina no quintal.
Aqui nesse momento tenho um coração apertado e os olhos cheios de lágrimas que teimam em escorrer...
Tenho aqui dentro uma saudade que aperta enlouquecidamente.
Saudades dos professores que chatos irritam, pegam no pé e sempre arrumam piadinhas.
Saudades do café mais gostoso, da mulher mais ciumenta que tem o abraço que te faz esquecer do mundo e se sentir protegida.
Saudades daquelas conversas de corredor, dos telefonemas, dos e-mails.
Saudades de não ver o dia passar...
Saudades de estar naquele ambiente.
O ambiente de trabalho que fora minha casa por mais de sete anos...
E agora me deu saudade de poder avisar alguém que estou perto. Um telefonema e um encontro...
E isso não será possível, pois estou longe... Afinal, são 2.790 km.
Alertaram-me...
E as pessoas sempre dizem que as mudanças são necessárias para a vida da gente. São necessárias, doloridas. Um choque.
E é isso mesmo.
Há quem diga o contrário?