sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma história sem final feliz


E deitada em sua cama procura inspiração. Era realmente uma parte da memória que tentava apagar, esquecer, ocultar.
O desejo, a vontade. A excitação.
E ela procurou não pensar nisso, não relembrar essas coisas. Loucura, loucura, se assim era possível traduzir.
Foi um telefonema, mensagens, emails, raiva, expectativa, telefonema, encontro.
Ele e sua sempre mania de ligar avisando que já estava na rua da casa dela. Ela que sempre saia, achando que ele estava realmente ali. Bobeira linda e unicamente dele. Ela saberia que ele chegaria daqui a uns 15 min., mas quem sabe ele não a surpreenderia sendo pontual?
E isso a deixava em êxtase! Não conte a ninguém, mas a partir desse momento ela já perdia o sentido do que era ser ela. Envolvia-se em algo superior. Irradiava luz, energia, sorrisos, calor.
Sempre teve a intenção de esconder, de camuflar, mas não tinha como. Ele a transportava para outro mundo, mesmo não estando com ela.
Era felicidade, desejo, paixão. Eram sentimentos intraduzíveis. Nenhuma palavra poderia nomear.
E eram 15 minutos que a transformava em uma adolescente insegura. Queria surpreende-lo, mas ela era a mesma de sempre. Um pouco mais velha, um pouco mais gorda, um pouco mais experiente. Um pouco menos louca.
E ele o que era agora pra ela? O mesmo que fazia seu coração disparar de pensar. O cara que a deixava sem fôlego, sem palavras, e que fazia ser tudo isso.
O cara que a deixava úmida. Boca, olhos, e por ai vai...

Ela desejava esse cara, desde que recebera seu telefone no ônibus.

Pernas bambas, coração a mil, fala irregular. Suor, frio, calor. E ele chegara.
Suas pernas bambeavam ao descer as escadas. Seu coração irradiava! E o pensamento: pé frente pé. Ande. Vá ao encontro.
Abre a porta do carro. O mundo para. Visualização do cara. E ele realmente era muito pra ela.
Aquele sorriso, aquelas mãos, olhos, cabelo, cheiro, boné.
Era aquele cara que te chamou para ir ao cinema, ao topo do mundo, ao sítio. Era aquele cara que não gostava de mexerica com os trequinho branco. O cara que te levou para outro universo. Era aquele cara pra quem você gravou CDS do rosa de saron, escreveu textos, fez calendário, planejou fazer um livro.
E esse cara estava ali. Dentro do carro. Sorrindo pra você.
E a raiva dos 15 minutos explodia de felicidade em seu peito, o sangue circulava mais quente. E você já não sabia se deveria inspirar ou expirar.
Mas você caminhou confiante. Entrou no carro, cumprimentou e deu as coordenadas. Um orgulho de menina, foi mulher.
Bar escolhido, mesa escolhida. Calor e frio. Não sabia ao certo o que sentir.
Como se comportar diante daquele ser humano que lhe conhecia do avesso? Do lado certo. De tantos ângulos, que nem mesma você já tinha se visto.
Tatuagens, fotos, perguntas. E nada tinha um inicio-meio-fim.
Você mergulhava naqueles olhos, queria sentir seu calor, seu toque. O cheiro de vocês.
Iniciava um dialogo que logo se perdia. Era uma criança observando a mesa de doces da festa.
E ele era a delicia, a gula, o pecado.
Shows, vontades, saudades. De U2 a Pear Jam. Ou vice versa. De suco a cerveja. De 100% a ???
Desejo, êxtase, teso.
As cadeiras se aproximaram, as mãos apalparam, encontraram mãos, pernas, cintura.
Os rostos se aproximaram, cheiro, desejo, vontade. Explodiu um beijo.
Aquele que não tira o fôlego, mas acende o corpo. Que queima, explode, ultrapassa.
E era isso, eram bons. Foram bons, apaixonados, adolescentes, era irreal.
E ele uma droga! Que do jeito mais encantador a convidaria para ir, num lugar mais tranquilo. E ela aceitaria antes mesmo da pergunta surgir.
E era o local mais lindo, e romântico. Era o local deles e de ninguém mais!
Naquele quarto, já viveram felicidades e tristezas. Naquele quarto já se amaram e despediram. 
E eles entraram como se os meses não tivessem distanciado os dois. O tempo não passou. Ainda eram eles.
E ele sabia como beija-la de forma que ela se derretia, e ela já aprendera a tirar o cinto dele.
Seriam trajes tirados, camisa pendurada, calça jogada, cueca, sutiã, calcinha.
Era ele, ele, ele.
O ser humano indecifrável e necessário.
Era ele, beijos, mãos, orelhas, boca, pele.
Cheiro, calor, saudade.
Era completo, ele nela, dentro dela em todos os sentidos.
E a eternidade daquele momento era feliz! Era tão feliz que ela desejava sua eternidade naquele momento. Naquele quarto, naquele ser.
O momento passaria e a eternidade daquela felicidade chegaria ao fim.
E deitada em sua cama ela buscou inspiração para escrever a ele, ela deixou reviver aquele momento, imaginou o quarto, o espelho, o chuveiro.
Mas precisou retornar aos fatos. E a felicidade momentânea chegou ao fim.
No dia seguinte ela seguiu seu caminho, ele foi encontrar a amada. 
E já dizia a música: "conto uma história sem final feliz”.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Há dias



23:40 ou 00:40 e aqui estamos nós.

O celular está fora de área. Não recebi sua mensagem, não sei se você mandaria uma mensagem pra mim, mas a esperança insiste em querer olhar o aparelho celular o tempo todo.
Sei que não tem acesso a internet após o expediente, mas a esperança insiste em atualizar a página.
Durante uns dias, que julguei serem meses, deixei de enviar e-mail, mas a esperança estava ali, esperando sua resposta, ou apenas o e-mail inicial. Há tanto tempo não sei o que é receber um  e-mail seu, iniciativa sua, curiosidade sua.
Já se  passaram tantos anos, tantas coisas aconteceram desde então. Sumimos, desaparecemos, mudamos, seguimos nossas vidas. E eu não consegui desprender.
Defina  isso por favor?
Me mudei, mudei a mim mesma, mudei de estado, de cidade. Experimentei amores, fiquei completamente embriagada de uma paixonite passageira. Quis encontrar meu amor pra vida toda. 
Tenho necessidade de amar, de apaixonar, de enlouquecer. De sofrer.
Sou literatura, sou escrita, sou sonho. Não sou. Digo que sou.
Me invento, te invento. Construo a gente. Acabo com o que construímos.
Abstrato, vago, vazio.
Meu coração necessita sofrer e ser feliz. Minha pele necessita de calor, de tato. Preciso de atenção, emoção, vida.

Me perco perguntando quem sou eu no agora. Além de alguém que vive e procura atingir um objetivo. Sou racionalidade, sou meta, objetivo, mas não sou isso.

Sou mais! Sou abstrato, imaginação. Criação.
Literatura, escrita, teatro. Rascunho.
Sou atitude e incoerência. Raiz e asfalto. Clima.
Sou família, sou regras, sou  paixão, sou erro.
Estou a procura de mim. Quem sou eu sem você?
Olho atentamente o celular. Continuo sem  sinal.
E sem respostas. Não me localizei completamente.
Sou duas, sou uma. Estou norte, sou sudeste. 
Estou calor, sou frio.
Incoerência? Consequência das escolhas.
Sou meta, objetivo. Inquietação, instabilidade.
Sou/Estou incompleta.
Sonho e Realidade.
00:38 ou 01:38, aqui despeço. Norte/Sudeste.
Boa noite.
Sua, D

"Mas há dias em que nada faz sentido. E o sinais que me ligam ao mundo se desligam"

domingo, 25 de novembro de 2012

Closing Time


A melodia é doce, suave.
Acordou assim. Acordou ouvindo o som que estava nos seus sonhos. Não tinha outra lógica. Fora durante a noite que escutara essa música que fixou em sua mente, seu ouvido.
E a melodia ecoou o dia todo. Ela já colocou a música para tocar a fim de que chegasse ao fim essa tortura, mas não obteve resultado.
Quem sabe se ela admitisse? E ela sonhou, sonhou com ele. A música era a trilha sonora daquele filme que vocês já se identificaram, mas ignoraram. Ela não sonhou com a música. Ela sonhou com ele. Mas não se permitia tal coisa.
Ela que não tocara mais no nome dele há tanto tempo, ela não o via há tanto tempo, não imaginava ou pensava nele há tanto tempo... Ele não existia mais no mundo dela, ou deveria simplesmente não fazer parte. Então foi através do sonho que ele veio até ela.
Seus olhos, seu sorriso, sua voz, seu cheiro. A felicidade que era de vocês.
Mas, por teimosia não poderia dizer que sonhou com ele, jamais admitiria isso. Então, a música a torturou. Fixou. Manteve-se presente durante todo o dia. Pra quê o orgulho? Pra quê tantas coisas? Porque não admitir? São tantas perguntas sem respostas. Tantas respostas que não fazem sentido a pergunta.
Ele esteve presente no dia dela. O dia todo, o tempo todo, mas ela não quis que assim fosse. E ele veio através da música, embora não tenha sido a trilha sonora dos dois. Não era a banda favorita deles. Não era nada diretamente deles. Talvez eles nunca a tivesse compartilhado essa música como fazia com as outras. No quarto, um na cama e o outro no pc. Talvez essa música não fosse tão deles. Talvez não tenha sido a música em si, mas o filme.
O filme deles, o filme que não era deles. A trilha sonora.
E o filme não era exatamente deles, não existiu o final feliz.
E ela não admite sonhar com ele, ele já não ocupa mais a mente dela, e vice-versa.
E há quem acredite que isso é verdade, e há quem duvide.

A música ainda toca: “Closing time, time for you to go out...”



sábado, 24 de novembro de 2012

Reconstruindo



Uma leitura que aquece o coração.

Uma musica que liberta os pensamentos.

Um filme que mexe que todos os sentidos.



As vezes precisamos de algo assim, que desperte nossas emoções. A simplicidade que traz à tona as lágrimas, que há muito não nos faziam companhia. Tudo funciona como um choque para nos despertar, o fictício nos trazendo para a realidade.

A incoerência começa a se transformar em textos compreensíveis. As inúmeras informações, aos poucos, fazem parte do mesmo enredo. E a história que estava perdida e sem rumo, busca um novo caminho.

Entre letras rabiscadas e frases reescritas, a coragem nos guia em um novo mundo.
Seria fantasia ou a realidade?

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Confusões


Tudo começara com um abraço.
Ou seria o término?

Talvez o meio de um ciclo.
Seria isso possível?

Sussurros e confissões.
Segredos desesperados.

Olhares confusos.
Pensamentos difusos.

Conflitos.

Um toque sincero e suave.
Dedos inquietos eram acalmados por uma mão conhecida.

Palavras, expressões. Letras sem sentido.

Teria perdido a audição?
Ou seriam devaneios de uma mente dispersa?

Um toque acolhedor e apaixonado.
Uma segurança em meio a todo aquele turbilhão.

domingo, 18 de novembro de 2012

Congelados


Mudei o contexto. Mudei a inspiração. Mudei. O mundo me mudou.
São outros pensamentos que ocupam minha mente, meu coração parece que está adormecido. Longe de quem o aquecia, agora está hibernando, esperando o tempo de acordar.
E esses dias me deparei com uma situação muito estranha, e consegui filosofar comigo mesma sobre isso. Filosofar sozinha. Esta sou eu no agora.
Em um sábado qualquer, sai para comprar batata. O desejo do almoço seria comer batata-frita. Sairia da dieta, comeria fritura e seria feliz todo o fim de semana, sem pensar no quanto teria de suar na academia na segunda-feira. Pois bem, sai para comprar batata e assim fiz.
Chegando a casa a cara de interrogação dos moradores me perturbou. Eu comprei batatas. Batata, batata, sabe?! Mas não era isso que era esperado. Eles queriam batatas já cortadas, semi congeladas prontas para fritar. Eles estavam errados? Não.
No mundo de hoje procuramos sempre o mais fácil, mais rápido. Consumimos congelados, enlatados e por ai vai...
E eu, que agora moro numa cidade, digamos, beeeemmmm interiorzão, acho que sai da orbita de cidade grande. De congelados, pré-prontos, etc.
Nem me lembrei do congelado. Comprei a batata (batata, batata), descasquei, cortei e fritei.
Demorou um tempo bem superior, em relação se tivesse adquirido o saquinho do semicongelado-pré-cozido-só-para-fritar.
Mas a batata frita saiu com um gosto diferente, eu fiz, comprei, cortei, fritei. Moldei do  jeito que queria. Coloquei meu tempo ali, minha atenção, minha expectativa. Desfrutei de algo que eu fiz (quase) completamente sozinha.
Complexo, ou viagem completa, mas coloque isso no cotidiano. Quantas coisas queremos pré-prontas? Feitas para nosso gosto, sem que fôssemos nós que fizemos. Quantas coisas adquirimos, pois sabemos que não teremos tempo de fazer algo semelhante, ou até mesmo melhor?
Quanto tempo deixamos de gastar com coisas que seriam prazerosas, pelo simples fato de economizar tempo, para que possamos adquirir, consumir cada vez mais.
Eu já tive preguiça de tentar começar um namoro, por ter que passar pelo passo a passo. Explorar cada momento, entender a pessoa, cativar. Eu queria um namorado pré-moldado, como se isso fosse possível...
E hoje vejo o quão patética fui. Foram tantas não-tentativas, por preguiça. Era uma corrida contra o tempo, mas para quê?
Hoje estou aqui, numa cidade de interior, cortando batatas para fritá-las.
E acredito que mesmo que, não tenha mais todo o tempo do mundo. Mas meu tempo está sendo mais produtivo e prazeroso. Ele está sendo meu. Nada de trânsito, nade de corrida contra o tempo.
Fizemos as pazes.
Posso comprar batatas para fritá-las. Posso me apaixonar e encarar o passo-a-passo.

sábado, 17 de novembro de 2012

A simplicidade do amor



Uma leve brisa acariciava os longos cabelos soltos.  Ao longe era possível ouvir vozes, risos e música. Alguém se distanciava daquela multidão, a passos distraídos. Mas ela não precisava olhar para saber que era quem esperava.

Seu coração acelerava a medida que aquela pessoa se aproximava. Entretanto ela calculara mal, pois antes do previsto um leve toque em sua cintura a assustou. Teria perdido a noção do tempo e da distância, enquanto imaginava o que fazer quando ele chegasse?

Ela se virou meio surpresa. Esquecera tudo que havia planejado. Palavras, gestos... até mesmo a respiração precisava ser reaprendida. Era incrível como ele conseguia mexer com todos os seus sentidos, desnorteando-a.

Um sorriso de menino travesso aparecia nos lábios de seu amado. Ele sabia o quanto conseguia abalar suas estruturas. Mas isso não a incomodava, ela não tinha medo de demonstrar seus sentimentos, pois sabia que o contrário também era verdade.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ser nostalgia


Se tivesse alguma entrevista de emprego, na qual precisasse de me descrever em uma palavra, me traduziria em ser nostalgia. E por isso seria eliminada da vaga.
As pessoas podem não perceber que existe nostalgia em todos. As pessoas podem não perceber que, embora você seja 85% nostalgia, você é algo além...
Mas o que fazer se meu adjetivo tem sido nostalgia? Sou saudade, sou lembrança, sou memórias.
Sou nostalgia. Sou aprendizado. Sou adaptação.
Isso é do ser humano, não?
É difícil aceitar a mudança. A mudança de emprego, de cidade. São amores deixados, amigos, bares, garçons... Muda-se, locomove-se, mas o sentimento fica...
Engraçado... Distanciei-me muitos quilômetros, dei adeus a um emprego de 07 anos, deixei muitos amigos, amores, minhas irmãs. Eu e meu corpo viemos. Estamos aqui, mas parece que estou incompleta. Minha mente está distante. Vaga nesses quilômetros, quando amanhece às vezes percebo uma interrogação interior perguntando onde estou. 
Meu organismo sente saudade do pub, meus ouvidos sentem falta do timbre, do som.  Minha pele sente saudade do frio, de aquecer debaixo de uma blusa, calça, moletom. Saudades de sentir frio. De usar cobertor para dormir. De acordar com frio. De sentir algo além desse calor terrível.
Já acordei no meio da noite sentindo falta de alguém do meu lado. Já senti falta do atrevimento de um ser humano que jogou gelo dentro da minha blusa, e que depois me aqueceu. Saudade de ter carinho, de dar um beijo, de dormir de conchinha.
Saudade de programar o celular para despertar, pois o tempo passa rápido e teríamos de aproveitar. Saudades, saudades, saudades.
Saudades de poder andar sem rumo, deixando que o destino escolhesse se viraria à direita ou à esquerda da rua. Saudade de sair à procura do bar aberto. Do garçom adorável. Do barman encantador.
Saudades de sentar sozinha no pub e conversar com estranhos. Fazer dos estranhos conhecidos. Cinema. Ahhh saudades de um cinema. Filme, pipoca.
Saudades das promoções da Americanas, três chocolates por onze reais! Ahhh saudades.
Saudades, saudades...
Alguém pode explicar se há como não ser nostalgia?


Nada como uma boa chuva...




E lá estava ela. Após um dia inteiro de trabalho, aguardava a condução para ir embora. Distraída, olhava para as nuvens, torcendo para que chegasse a casa antes da chuva.

Nesse momento, um carro que acabara de entrar naquela rua parou em frente ao ponto de onibus. Uma voz conhecida a chamava.



Ao se aproximar do carro, para sua surpresa, um velho conhecido acenava feliz. Ambos estavam surpresos com aquele encontro inesperado. Esqueceram o cansaço e o tempo nublado. Aproveitaram aquele reencontro para colocarem os assuntos em dia.

Era incrível como que, apesar de tanto tempo sem trocarem uma palavra, tudo parecia como nos velhos tempos. Os assuntos eram um pouco diferentes, mas aquela cumplicidade permanecia inalterada.

Existia outro sentimento que parecia inabalado pela distância. Algo que sempre esteve presente, mas que nenhum dos dois deixou transparecer. Ideias malucas passaram pela cabeça de ambos, que mantiveram a velha tática de ignorar esses “pensamentos bobos”.


Era hora de mais uma despedida. Enquanto seguiam para o carro, um silêncio pairou entre os dois. Nesse momento, assim como a tempestade atormentava suas mentes, a chuva resolver encharcá-los. Numa tentativa frustrada de fugir, correram.

O tempo parecia querer brincar com eles, pois quanto mais rápido tentavam chegar ao destino, maior era a quantidade de água que os atingia. Como que desistindo de escapar, ela parou e olhou para o céu.

Logo atrás, sua companhia parou, sem compreender a situação. Olhou para o céu. Olhou para ela. E com uma gargalhada a tirou de seus devaneios.

“Você realmente não muda!” – Comentou o sorridente amigo.

Aquela frase funcionou com um estalo, fazendo com que percebesse que aquela era a hora para mudar, para fazer tudo diferente. E sem esperar, ela roubou um beijo daquele rapaz a sua frente, que já deixara de ser criança há muito tempo.

“Quem disse que não mudei?” – foi a resposta que abriu as portas para uma nova relação entre aqueles dois tímidos amantes, que optaram pelas ideias malucas e deixaram os pensamentos críticos para um passado distante.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A noite


E é a noite que você teme. A noite e seus pensamentos.
É a noite que te tortura. São lembranças, saudades.
E é chegada a hora de conversar, refletir, sentir.
A noite transforma sua cama em um divã. O travesseiro, seu psicólogo.
E é só você. Você e suas escolhas. Você e as consequências.
E você deixou tanta coisa pra lá. Sentimentos ficaram ocultos, amigos tornaram-se distantes. E os amores platônicos.
Tanta coisa ficou inacessível.
A praça, o chafariz, a lagoa. O trânsito, o sotaque. Batata frita, caipirinha, tequila, filmes. Andanças.
Braços que se alongaram de tantos abraços, de tantos adeuses, estão desajeitados. Sem utilidades. Há quanto tempo não envolvem?
E é a noite que você admite sentir falta de alguém para dividir o quarto. Alguém para te despertar, ou para ser despertado. Por causa do ronco, da falta de cobertas, ou até mesmo por causa do celular.
E a noite é pessimista. Você acredita que a chama apagou. O brilho foi ofuscado.
Durante a noite as despedidas fazem companhia. Dizendo que está indo. É o tchau.
E de repente você vê que são tantos adeuses!
Não haverá cócegas, mordidas, guerras de travesseiro, balinhas ao amanhecer, divisão de taxi. Não há ronco, o ranger de dentes, dormir abraçadinhos. Um no outro, dois em um.
Não haverá transito para compartilhar, música para surpreender, pinga no coco, pubs, dedos andantes.

Eh... A vida é feita de escolhas.
Durante o dia a gente vive, faz, acontece. Sente também.
Mas a noite a gente conversa. A gente reformula.
Durante a noite, as consequências aparecem e fazem a pergunta:
Valeu a pena a escolha?

sábado, 3 de novembro de 2012

Bom dia, boa tarde, boa noite.


"Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade!"
Antoine de Saint-Exupéry

E pode ser que tenha descoberto o preço da felicidade. Pode ser que já tenham hora marcada. Já tenham dias contados, ou dias a serem multiplicado.
Não importa a exatidão. Não é questão de matemática, de probabilidade. É algo superior e incalculável.
Talvez incrivelmente, exótico.
Pode ser que seja de proposito. Pode ser o acaso. Pode ser tanta coisa, e é algo: a esperança.
No primeiro momento, seus olhos não se encontraram diretamente. Sol, uma sombra, a garagem que se abre, um carro, um pedestre se escondendo do sol. Quase um acidente.
Sorrisos e timidez.
Com o passar dos dias, olhos que observam. Fingem não ver. Ignoram o contato.
E pode ser que a hora já esta marcada. Todos os dias os olhos se cruzam, timidamente se cumprimentam.
Bom dia, boa tarde, boa noite.
Se enamoram, admiram, embebedam-se.
Um olhar, passos lentos, sorrisos, palavras não ditas. Expectativa.
Bom dia, boa tarde, boa noite.
...
Sorrisos e timidez.
Palavras breves. Um aceno.
Uma felicidade.
Tola?! Expectativa.
A espera de um sinal, de uma aproximação. Dias contados. Dias multiplicados.
Necessidade de sentir. Necessidade de ser caos, desordem, confusão.
Bom dia, boa tarde, boa noite.
...
Romance.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Mulher de sorte


A questão que toma meu pensamento já alguns dias é: até que ponto as pessoas admitem a si mesmas que “o essencial é invisível aos olhos”?
Pôxa, fiquei em estado de uma quase depressão quando descobri que aquele escritor que escreve crônicas fantásticas, simplesmente se separou. 
O comentário de quem estava vendo a noticia não foi diferente da minha reação: “Como uma mulher pode deixar um cara tão perfeito como você?” – A outro eu perguntava.
E eu realmente estava intrigada, como a Cintia pode deixá-lo? Ele um cara tão sensível, tão perfeito. O dicionário da alma feminina. O cara que tem o dom. O cara que é O Cara. 
Aquele que toda mulher sonha em ter junto de si. Aquele que paparica, que apoia, que critica, que chora, faz chorar e faz sorrir. O cara que compreende, que entende, ou que simplesmente procura entender. Ele que já foi inspiração para meu romance, que é um amor platônico de todas as mulheres. Pois bem, Cintia o deixou.
Incrédula com a noticia compartilhei. Desabafei. Contei que senti falta dos textos dele, da paixão que ele traduzia nas crônicas, das frases twitteiras. Motivo do sumiço: A mulher. Ela o abandonara.
Enviei foto para mostrar quem era esse homem tão perfeito, foi então, que descobri. Muitas pessoas não conseguem ver o essencial.
Ele é desprovido de beleza física, mas e daí? E quem quer ficar com um cara lindo, e inútil?
Existem pessoas que não acompanham essa linha de raciocínio. Existem pessoas que dizem que o que vale é a essência, o caráter, a beleza interior, mas ao se deparar com uma pessoa vazia e linda  e uma desprovida de beleza e perfeita. Advinha quem ganha mais adjetivos?
Enfim... Difícil esse mundo. Difícil, difícil.
Será que ai está a justificativa de tantas pessoas insatisfeitas consigo próprio? Será que ai está o motivo de recorrer tanto à uma sala cirurgica? A procura de ser uma pessoa de beleza padronizada?
Um dia será que haverá plásticas de intelecto? Plástica cultural? Um pouco de incentivo a leitura?
Ahhh que mundo dos  sonhos.

Enfim... Fabricio Carpinejar, o cara perfeito voltou a escrever. Se apaixonou. Encontrou alguem para lhe fazer felliz. Para incentivar a escrita. Encontrou alguem para decifrar e traduzir.
E sortuda é essa mulher. Que encontrou O Cara!