sábado, 27 de outubro de 2012

Te encontrei

Te encontrei num livro. Entre as páginas. Equilibrava-se nas linhas.
Te encontrei na escrita.
Te reencontrei. Reli.
Escrevi sobre você. E guardei. Escondi. Queria ter o dom de fazer isso com a memória.
Expressá-la em palavras. Colocá-la no papel. Guardá-la. Esquecê-la.
Queria conseguir tirar essa lembrança de mim. Ela me corrói, tortura e de um jeito tão complexo me deixa feliz.
Penso em você. Vejo você. Loucura.
E isso tem sido tão comum ultimamente...

Escolhi o livro na prateleira, já sabia que te encontraria ali. Desejei provar para mim que você estava no papel, dobrado, guardado.
Mas... Ali esta você. Em cada crônica. Cada frase.
E de repente tudo parece ter voltado. O jogador de futebol me lembrou você. O ator. O sorriso. O nome da criança: Joana.
E tudo me lembra você. A academia, o peso, o espelho.
E eu te tive. Te tenho. Tão presente e tão longe.
No limite, na margem de erro. Na esperança. Nos muitos quilômetros...
E eu te encontrei. Você esta ao meu lado na rede, na cama, no sofá, ou no passeio
O livro.
A flor na minha carteira. A senha da minha rede social. O plano de fundo da minha área de trabalho.
... Te levo aqui.
Te encontrei em um livro. Entre as páginas, equilibrando nas linhas.
Fabrício, Carpinejar, Um certo Braga.
Meu Braga.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Vida

E escrevo porque o mundo fugiu de foco.
Contrariou a orbita. Parou de rodar.

Ou parei enquanto o mundo girava.
Tudo passou de repente, numa aceleração sem igual. Sem parâmetro, sem comparação.
Tudo muito rápido. E o mundo parou, ou girou. Ou permanece igual.

Depende do referencial.

Eu andei, trilhei, segui.
Despedi, conheci. Mudei. Distanciei.
Chorei, chorei e choro.
Sorrio, compartilho, fofoco.
Sinto. Sinto saudades, sinto ausência, sinto distância.
Sinto que o mundo gira. Continua sem se importar se eu sinto, ou não.
Decisões, escolhas. Consequências.

Mudei. Cresci. Estou crescendo, estou mudando, estou aprendendo.
Sou uma esponjinha. Absorvo. Me torno. Me transformo.

E seguia um ritmo de aprendizados, de esquecer, de desprender, desenvolver. Voar.
De repente, não mais que de repente.

Puft.
Acelerou, dias foram vividos em horas, instantes.
A casa caiu, a família se desfez, lágrimas rolaram. Malas prontas.
Adeuses, partidas, fim. Recomeço.
Dor, saudade, abstrato, raiva, amor, burrice, incentivo, pessimismo...
Aprendizado.
Decisões, escolhas. Consequências.

Vida que segue.
Decisões. Consequências.


domingo, 14 de outubro de 2012

Qual?


Mudaremos o foco.

O igual:

Encontraram-se após anos, tempos, meses, talvez semanas, dias.
E confirmando a teoria: Existem coisas que não mudam. Tempo após tempo e o encanto se faz da mesma maneira. O olhar, o toque, o saber o que o outro fala através dos gestos.
Entra minuto e sai minuto, mas o tempo não passa.
É a brincadeira no beijo, carinho na pele, latido, esconder-se entre lençóis, encontrar um mundo debaixo dele.
É o praticar o impraticável. O tempo estivera congelado.
O estar junto, o fazendo cafuné. Existe par perfeito, existe tampa para a panela.

Por que sofrer tentando acertar / adaptar ao outro diferente?

Por que o diferente nos faz crescer...
E você mesmo sem querer observa pequenas alterações na vida. A caixinha de esmalte começa ter seu espaço invadido. O vermelho, preto, os tons escuros começaram a dividir lugar com o branco purissimo, paris, meia calça. Os tons claros trazem perspectiva, bem estar, e ali ficam. Onde antes não havia lugar para eles...
E você quer não querer dormir abraçadinho, e você muda sua opinião de ter filhos, de casamento, de vida.
O diferente faz descobrir o feminino, o apaixonante, o amor, os suspiros...
O diferente traz o crescimento, mas nem por isso ele fará parte de você.


domingo, 7 de outubro de 2012

De repente

E eu queria muito escrever.
Traduzir o que sinto aqui.

Mas não consigo entender... Não consigo nomear.
Me calo. Calo-me.

Esqueço as regras. Esqueço a escrita.
Sou analfabeta.

Tudo estava bem.
Em ordem.

Até que...

"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma"

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

E era...


E não era para ser assim. Não foi esse o plano. Deveríamos ignorar, esquecer. Planejaremos a amnesia  Esqueceremos. Apagaremos. Nada foi vivido.
Mas nem tudo sai conforme  planejado. Há muito e muito tempo não tomo minha dose de você, mas aos poucos, bem poucos a gente se acha...
A gente acha a lembrança nos detalhes. Na educação do cachorro, no tamanho da piscina, e até mesmo na pizza de pão de forma.
Encontrei a forma de burlar  o esquecimento olhando para rede, para os lençóis  fotos, memórias. Beliche da minha imaginação.
Fugi do plano e fui em busca de você. É uma noite de muito sono e muito nostálgica. Reviro, procurando os e-mails, as conversas. Um sinal de que você esteve aqui e não está mais.
Nos distanciamos, perdemos o que  tivemos, bye bye. Apagou-se a memória, ou deveria ter sido apagada. Por que ainda sou capaz de te encontrar nos detalhes. Nos livros, músicas, caipis e afins.
E às vezes encontro dificuldade em imaginar seus olhos me olhando profundamente, procuro em vão tentar sentir seu cheiro, o  toque das suas mãos  em meu cabelo, seu jeito de fazer um cafuné preguiçoso. E está se apagando, indo embora lentamente...

E esse era  o plano, não eh?!
Mas ainda sou capaz de te encontrar, numa história de um livro, no toque da  música, no filme, no sofá,  na minha cama... ou simplesmente na pizza de pão de forma.

E a merda está nos detalhes...
Que me trazem você.